Todas
a crianças a partir do momento que nascem encontram-se em constante processo de
mudança e desenvolvimento biopsicossocial, adquirindo diariamente novas
competências. Estas estão inseridas numa rede de relações que desempenham um
importante papel na construção do seu crescimento como pessoa. Todavia, este
processo nem sempre ocorre ao ritmo esperado pelos pais, podendo surgir
determinados problemas relacionados ou com a lentificação ou com a aceleração
da aquisição de novas aptidões, intrínsecas à evolução das crianças.
Desta
feita, quando algo não corre da melhor forma relativamente a alguns desses
laços as crianças facilmente se sentem afetadas, principalmente porque essa
rede ainda se constitui muito frágil para elas próprias. Seja na relação com os
pais, com a família alargada, com a escola, com os vários amigos e até com elas
próprias, as diversas mudanças que vão ocorrendo à volta delas são suficientes
para a destabilização, o que é normal ocorrer em qualquer ser humano em
desenvolvimento.
Na
psicoterapia com crianças, o psicólogo procura, com a intereção das crianças,
aliviar a angústia e melhorar o funcionamento psicológico das mesmas. As
crianças aprendem estratégias eficazes para lidar com as situações mais
difíceis e desenvolve formas de adaptação mais saudáveis.
Importa
referir, que a intervenção psicológica implica a participação activa dos pais /
encarregados de educação, sendo a primeira entrevista clínica realizada com os
mesmos. Nesta entrevista o psicólogo tem como objectivo obter informação
pertinente sobre a história clínica, social, familiar e educacional da criança.
Seguidamente, a intervenção é efectuada com a criança, podendo a presença dos
pais ser solicitada quando necessário.
As
técnicas terapeuticas utilizadas são seleccionadas de acordo com as
necessidades de cada criança e de cada família, desde jogos, brincadeiras,
histórias, trabalhos artísticos, conversas, dramatizações, etc.
As
competências sociais, a auto-estima, autoconfiança, a segurança, a
responsabilidade, a empatia e o autocontrolo são promovidas e monitorizadas nas
sessões de psicoterapia, sendo que após a aquisição destas mesmas competências
o psicoterapeuta, através dos pais, vai-se certificando de que a criança aplica
no mundo real o que apreendeu durante as sessões.
Para
a realização de psicoterapia em crianças é necessário que o psicólogo
compreenda o desenvolvimento infantil e juvenil, para que a escolha de
objectivos e intervenções seja a mais adequada ao processo e ao nível de
desenvolvimento da criança.
Quais os principais motivos mais frequentes para a
procura de psicoterapia?
Existe
uma uma infinidade de fatores que levam os pais a procurarem ajuda de um
psiólogo para o(s) seu(s) filho(s). Dentre os sintomas e queixas mais comuns
(expressas pelos pais) podemos encontrar:
Perturbações de ansiedade em Crianças e Adolescentes
As perturbações de ansiedade são bastante frequentes nas crianças e adolescente, com uma prevalência que ronda 4-10% das crianças e 12-20% dos adolescentes. De acordo com alguns estudos efetuados na área, são a forma mais comum de psicopatologia, e a razão mais frequente a justificar um pedido de consulta antes da idade adulta.
As perturbações de ansiedade, particularmente a perturbação de ansiedade de separação, as fobias e a perturbação de ansiedade generalizada, são mais frequentes em raparigas do que em rapazes.
Importa saber reconhecer os sintomas ou sinais de ansiedade excessiva que podem não ser tão facilmente identificados pela criança e seus pais. Assim, pode acontecer que nem a criança nem os pais refiram ansiedade e apenas sejam apresentadas algumas queixas físicas que sabemos se associarem a estados de elevada tensão muscular: por exemplo, dores de barriga, de cabeça, ou outro tipo de dores musculares, sem que a criança e os pais tenham contudo consciência que esse mal-estar decorre da elevada ansiedade.
As crianças ou adolescentes com problemas de ansiedade manifestam dificuldades psicossociais tais como baixo rendimento escolar, evitamento do relacionamento com pares e conflitos com a família contrariam uma progressão desenvolvimental normal; estão assim em risco para trajetórias desenvolvimentais menos adaptadas e a presença de psicopatologia na idade adulta.
Estas evidências justificam por si só a intervenção psicológica, mesmo nas situações em que critérios para uma perturbação não estão preenchidos, mas, sobretudo pelo mal-estar causado na criança e nos pais.